"Moça de mudança" ... adotei este nome. Por mais que a mudança seja dolorosa, amedrontadora, vez por outra é necessária, inevitável. Na minha vida, nos últimos tempos diria que ela tem vindo a "toque de caixa". Um novo emprego, uma nova cidade, uma nova casa ...
Esta semana, finalmente decidi ir até a cidade onde vou, a princípio, trabalhar. Digo apenas trabalhar pois, por enquanto, ficarei indo e vindo, logo, acho que não posso falar em morar, apesar de ter lá um cafofo com uma rede e um vaso de planta (que ainda não me inspirei em batizar). Enfim ... sou uma moça de mudança.
Nessas idas e vindas, algumas noites serão dormidas, ou pelo menos passadas dentro de um ônibus. Nessa minha primeira ida, a aventura foi boa.
Fui comprar a passagem e na hora a moça do guichê me informou que haviam ônibus indo por dois caminhos diferentes. "Qual era o melhor caminho?, perguntei, juro, pensando apenas em coisas do tipo estrada menos esburacada e, consequentemente, com maior possibilidade de chegar mais rápido.
"Sei não! acho que tanto faz. Perainda ... ". E se dirigindo ao colega do guichê ao lado, a moça perguntou: "Fulano, qual o melhor caminho?". Aí o rapaz, com um sorriso no rosto, olhou pra mim e disse: "Ah, minha senhora!!!! Não tem esse negócio de melhor caminho não!!!! Se for sua hora, acontece acidente, assalto em qualquer um dos dois".
Como se não bastasse ele me chamar de minha senhora, ainda vai falar em acidente, assalto, "minha hora"?!! O suficiente pra eu decidir que não ia dormir a noite inteira dentro do ônibus e que deveria começar minhas preces imediatamente.
Fiquei tão impressionada que, pela primeira vez, afivelei o cinto de segurança assim que entrei no ônibus. Fiz uma oração, olhei para janelas pra ver onde ficava a saída de emergência e dei um suspiro longo pensando que não deveria dormir para ficar atenta a tudo que acontecesse durante a viagem.
Realmente eu não dormi ... Não, não foi por medo, não! Tão logo o ônibus começou a andar, fiquei pensando que eu não podia ficar pensando assim, já que as viagens serão uma constante na minha vida. Eu não dormi por que o senhor que sentou ao meu lado insitiu em roncar a noite toda! Uma verdadeira orquestra sinfônica sem maestro! Se o ronco fosse pelo menos ritmado, quem sabe com o tempo meus ouvidos se acostumavam e eu dormia.
Enfim ... fiquei pedindo a Deus pra ele parar de roncar um pouquinho. Lá pelas 3h da madruga ele parou e foi um silêncio maravilhoso. Ah! Que coisa boa é o silêncio!!!! Eu agradecia a Deus, claro! Mas depois de um tempo ... me vi pensando: "Será que ele morreu?" Aí meu Deus!!! Melhor uma pessoa que ronca viva, que um cabra silencioso morto".
Daí, eu fiquei pedindo em pensamento: "Ronca! Ronca! Ronca!" Ele roncou e muito, a noite inteira e ainda mais alto. É a vida!
Na volta? Ah! Foi ótimo. Sentei perto de um rapaz que estava com seu Ipod na maior altura. Daquele jeito que você escuta mesmo sem estar com os fones. Até aí, tudo bem! O problema é que ele dormiu, esqueceu o Ipod ligado e RONCOU!!!