sábado, 11 de abril de 2009

Preciso de um remédio, por favor!

Um remédio de efeito imediato. Do contrário, é desejável que o tratamento dure 7 dias.
Um remédio que não maltrate tanto quanto o outro que existe no mercado, aquele conhecido por "tempo".
Preciso de um remédio que cure as dores da alma. Que ajude esquecer o que passou e que faça pensar apenas no que há de vir(não na vida dos outros, só na minha), mas que tire o medo deste futuro incerto.
Um remédio que diminua o aperto no peito. Este aperto que tira o fôlego e faz descer lágrimas dos olhos sem que se consiga exercer nenhum controle sobre.
Que leve embora pensamentos, imaginações do que está acontecendo do lado de lá. Que cole os pedacinhos. Que remende este coração que sofre cada vez que pensa que sempre há um lado que toca a vida pra frente e que põe o pé na estrada e vai, enquanto o outro lado fica, tentando juntar o que sobrou em caixas de papelão.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sem despedidas

Música
Vanessa Da Mata
Composição: Liminha / Vanessa da Mata

Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Nossas juras de amor
Já desbotadas
Nossos beijos de outrora
Foram guardados
Nosso mais belo plano
Desperdiçado
Nossa graça e vontade
Derretem na chuva

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa músicaMúsica

Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças, os cheiros.
Dilacerados
Nossa bela história
Tá no passado
O amor que me tinhas
Era pouco e se acabou

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Seu Zé foi embora?!!

Acabo de vir da vendinha do seu Zé. Para minha tristeza, a vendinha não é mais do Seu Zé.
Fui comprar pão e leite. Da janela do apartamento eu sempre olho pra ver se a vendinha está aberta. Besteira minha por que ela sempre está. Seu Zé abre a vendinha religiosamente as 6h da manhã, de domingo à domingo.
É só descer alguns degraus, andar um pouquinho e chego lá na vendinha que parece ter parado no tempo. As sacas de feijão no chão, o queijo que é cortado na hora, miudezas expostas em um barbante preso por um prego na parede. Atrás do blacão um senhor sério, mas educado, carequinha (justo dizer que ele tem alguns fios brancos que resistem bravamente), dotado de uma facilidade em fazer contas matemáticas de cabeça (Impressionante! Não erra uma! Ainda tira o noves fora, coisa que nunca aprendi e que da última vez que o vi, disse que gostaria muito que ele me ensinasse).
Ano passado, ele ampliou a vendinha, sem mudar o estilo do negócio, que já está no bairro há muito tempo. Na época ele me disse que tinha resolvido investir pois pensava que dado o tempo que já estava lá, um dia, quem sabe, o locador poderia decidir vender o pontinho pra ele. Isso foi pouco antes da sua esposa falecer. Depois disso, a vendinha ganhou um certo ar triste. Seu Zé, num compasso mais lento, com aquela aliança enorme no dedo, além da dele. Ele era magrinho e a esposa bem forte. A aliança era segurada com um pouco de durex enrolado. Pensar em tirar ela dali, nem pensar. Na parede da venda um poster (o que tinha de mais sofisticado em todo o resto), com a foto da esposa e com uma frase de uma música conhecida "Amor igual ao teu eu nunca mais terei".
Hoje, eu entrei na vendinha. Diante das mudanças que estão acontecendo em minha vida, que não cabem ser comentadas mais ainda aqui ou agora, senti um certo conforto em ir comprar leite e pão no Seu Zé assim como em outros tempos. Decidi que ia dizer a ele que hoje era o dia dele me ensinar o tal do noves fora. Entrei na vendinha e me deparei com uma senhora atrás do balcão. A foto da mulher do seu Zé não estava mais na parede. Pensei com os meus botões: "O luto do seu Zé acabou! Tocou a vida pra frente! Encontrou outra pessoa pra dividir os dias! É assim que as coisas são!Peguei o pão, o leite e arrisquei a pergunta: Cadê o Seu Zé? A senhora me respondeu: "Seu Zé passou o ponto". Seu Zé foi embora??? Como? Porque? "Ele disse que de uns tempos pra cá estava cansado. Não via mais sentido ficar aqui, não. Passou o ponto."
Disse um "Ah!" desolado, entreguei o dinheiro e ela puxou a claculadora pra ver quanto teria que me dar de troco. Voltei arrastando o pão e o leite e um fio de tristeza.
As coisas mudaram mesmo!

Seja feliz Seu Zé!

Em dias

Faz algum tempo desde a última postagem. De lá pra cá um monte de coisa aconteceu. Inclusive, fiquei mais velha! Trinta e dois anos!!! Peraí!!! Não era quinze um dia desse?

Eu queria postar sobre o meu aniversário, longamente de forma poética e feliz, mas digamos que as coisas não aconteceram como eu imaginei. Aliás, imaginar, viver num mundo de ilusões tem sido o meu hobby predileto nos últimos tempos.

Alguma coisa me chama para a realidade. Quem sabe a terapia, quem sabe as evidências que se tornam mais nítidas a cada dia. Palavras antes não ditas agora são soletradas. Sem espaço para interpretações, tudo dito as claras. Até sonhando, literalmente, alguém vem e me diz "ei menina, isso não está acontecendo não ... é só sonho". Eu acordo, por um instante odeio a figura que disse isso no sonho, depois vejo que ela tava certa, me encolho no fundo da rede sem saber bem ao certo se é bom tentar sonhar de novo ou ficar de olhos bem abertos (mas com uma dor filha da puta), até não ter o que fazer a não ser me levantar e tentar tocar pra frente aquilo que não pode esperar.

Racionalidade?! É uma palavra que eu clamo todos os dias ... mas ela teima em não vir. Conto no calendário da agenda a passagem do tempo. Mas que passagem é essa que não leva minhas dores embora?

Voltando ao aniversário: Eu passei a zero hora do dia 05 de abril numa cadeira de cinema. Última sessão do filme Ele Não Está Assim Tão Afim de Você. Fiquei bem, me aqueci com a minha velha blusa de lã vermelha. Assisti o filme e fiz o exercício mental de não pensar em mais nada além do filme. No final, indo pra "casa", prometi a mim mesmo que não esperaria nenhuma surpresa, nenhuma lembrança e que por isso ficaria bem e feliz com o que viesse ou com o que não viesse. Pensei que estar viva por si já era uma boa, motivo suficiente para se estar feliz.
Recebi beijos gostosos da minha pequena e muitas mensagens bacanas de gente não menos bacana via orkut. Almocei com uma amiga bem especial que me presenteou com um bom livro.

E, acreditem, apesar disso tudo pensei que deveria me sentir triste. Pensei no meu 31º aniversário. Desejei que o tempo voltasse!
Queria o pão promocional em cima da mesa simulando um big café da manhã. Queria o Ira tocando na vitrola com aquele refrão "Feliz Aniversário, envelheço na cidade", queria o beijo afetuoso de quem me dizia que juntos éramos mais fortes.

E por querer tanto isso, embarquei nas minhas ilusões e, mais uma vez fui chamada a realidade. Sem grosseirias ... só a realidade nua e crua e por isso mesmo dolorida. É fato: a vida mudou. Assim será lembrado o meu 32º aniversário.

De lá pra cá ... que monte de coisa aconteceu? Não sei bem ao certo! Tá tudo muito confuso aqui dentro. Oscilo entre colocar o pé na estrada e ficar parada em um mesmo lugar como se tivesse raizes. O que tenho feito com os dias? Não sei, bem a certo. ao final de cada um deles, acho que tenho a sensação de que só estou esperando que eles passem.