Quando o Cansaço Bate

Será que vai valer a pena tanto esforço? Cansada, muito cansada de algumas lutas cotidianas. E os dias passam e o cansaço ganha forma de grande desânimo.

É inútil correr atrás de um balão ávido de vôo, cortando o céu. Quanto mais se corre, mais o movimento do ar contribui para o balão ir pra mais longe. Melhor ficar parada e se o balão tiver de voar pra longe de você, assim será. Quem sabe olhar melhor pra aquilo que nos cerca e querer aquilo que está com os pés fincados no chão. Dias pra se pensar não mais nos caminhos que trilhei pra chegar até aqui, mas nos caminhos que estou disposta a trilhar. Ou seria os caminhos que preciso trilhar?

Quem é essa mulher refletida na tela do computador?

Vendo minha imagem refletida na tela do computador. Me sentindo cansada. Um vazio tão grande. Um tremor. Um temor, ou seriam vários? Me sentindo a verdadeira protagonista de uma música conhecida de Chico Buarque e me perguntando: quando foi que eu me tornei desinteressante? Aconteceu e eu nem percebi? Ou percebendo e não tendo o que fazer, dei de ombros? A pergunta que não quer calar: será que se eu pintar e cortar o cabelo, você vai voltar a olhar pra mim?

Escrita há meses atrás. Sobre o meu verdadeiro amor da vida inteira :)

Com a chegada de Benito, as noites não tem sido mais as mesmas. Ficamos juntinhos, no balanço de uma rede. Ele entre uma cólica e outra, entre uma mamada e outra, fica ali de rostinho colado no meu peito ouvindo o tic tac do meu coração, velho conhecido dele. Eu, confesso, que, as vezes, o cansaço me faz contar os minutos pra que o Sol chegue logo. Com sua chegada, Benito dorme, e eu, vou cuidar da vida. Hoje, o Sol nasceu e a gente nem deu trela pra ele, adormecemos em detrimento da luz e do barulho da vida lá fora.

Essa eu escrevi e nunca publiquei ... Por que eu não publiquei? :)

Mágoa?? Não!

As vezes é preciso lavar os olhos com criolina pra enxergar melhor. Pode até arder, mas parece que resolve!

E se aqui for um espaço em que só pensamentos positivos, transformados em palavras, devem reinar. Devo me despedir desse espaço logo, logo, por que na verdade, o que acontece é que tô sendo egoísta mesmo e pensando só em mim. Pensando no que tá entalado, na minha urgência de falar pra ninguém ou até pra alguém que pode ler e não comentar. Por que, de fato, fazendo uso de um pouco de racionalidade, um texto tão pesado como esse não merece comentário mesmo, nem merece ser lido!

Mas é que os dias não estão azuis. Pelo menos não cá aqui dentro. São dias de descrença!

Descrente de um monte de coisa, de um monte de gente.

Descrente de que ainda possa imperar a integridade, a bondade, a sinceridade, o desinteresse nas relações. Acreditando mesmo e apenas em troca de interesses.

Descrente de sentimentos. Descrente que se possa cumprir aquele mandamento, amar o próximo (parece que as vezes não se consegue amar nem o mais próximo dos próximos). E é assim que o mundo gira.

Descrente por acreditar de novo só pra descobrir que as pessoas mentem, omitem aquilo que não é interessante mostrar. Que um monte de gente, até aquelas que você julgava conhecer agora só diz o que convém e ainda tira vantagem da ingenuidade alheia (só a sua parece ainda existir, ou seria melhor dizer parecia).

Nas situações, sempre tem um lado para o qual as coisas ficam sempre mais fáceis. Aí é mais fácil esbanjar positividade e falar de amor. Se mostrar uma pessoa esperançosa, que ama a vida, que acredita no amor e no futuro.

É sempre mais fácil olhar pro outro e dizer quanto o outro é feio, mesquinho, cruel!

Difícil é entender, é aceitar, é reconhecer, seja lá que nome isso leve, que o outro tem motivos pra ser o que são, ou pelo menos estar como está.

Começar de novo é sempre fácil, quando se tem mais tempo pra si e quando se tem responsabilidades de menos. Quando realizações não inclui pensar em como isso impacta na vida de outros. Quando a responsabilidade não pesa tanto nas suas costas. Quando seu mundo, de fato, não ruiu por completo. Quando você se viu e se vê rodeado de gente que te diz o tempo todo que está ali com você.

Começar de novo é sempre mais fácil, quando você não se depara com a triste idéia de que o tempo todo você foi só um figurante na história que você chamava de vida.

Começar a vida de novo é fácil, quando tudo que se tem que fazer é dizer que agora está se lembrando quem era, quando de fato nunca deixou de esquecer.

Começar do zero, inclusive tendo que descobrir quem é ... isso sim é tarefa pesada!

E não é o caso de estar colocando culpa em ninguém por ter sido figurante. O único culpado é aquele que aceitou o papel. Mas cabe dizer que colocar a culpa nos outros é sempre uma boa pra gente ficar ainda mais de bonzinho.

E nesse percurso quem disse que era seu amigo some! E quem você pensava que fosse seu amigo, aproveita e de uma forma sutil, positiva, dá um jeitinho de dizer pra algum desavisado que por ventura ainda pense que você é bacana , seja lá quem for, que você não é tão bacana assim não. Como se fosse fácil ser bacana quando tu acha que o mundo está sendo filho da puta com você. Sabe aquela história de pisar cachorro morto?

Determinadas pancadas, palavras, fazem a gente acordar pra vida (continuando acreditar nela, ou ficando desacreditado de tudo, mesmo).

Difícil tá sendo é colocar pra funcionar o meu lado que não vê o mundo em preto e branco. Tô rezando pra ver pelo menos em escala de cinza, já que, ao que parece deixei de ver tudo cor de rosa faz é tempo.

Pondo o café no fogo

"Por que somos também o que perdemos" Todos os dias ela levantava religiosamente as 5 e pouquinho da manhã pra colocar o café no fogo. mas não era um levantar de qualquer jeito não. Ela levantava com a disposição de quem sabia dar valor a mais um dia de vida que trazia em si a oportunidade de buscar ser feliz. Foi sempre assim e até por isso, nos últimos tempos, tamanha era a minha estranheza e tristeza ao vê-la sem aquela disposição. Hoje, sem ela, o dia das mães carregaria em si um vazio, o mesmo vazio que ficou na calçada nos fins de tarde, ou ainda no canto da sala, onde ela sentava todos os dias pra assistir o jornal. Mas pensar nela, na sua ausência, me fez refletir sobre a sua presença naquilo que sou, visível em costumes, trejeitos, vocabulários, jeito de ver e de ser que eram tão dela e que eu espero ter a competência de passar para os meus filhos com amor, sabedoria e paciência. Então,levantei da cama cedinho e fui colocar o café no fogo, com a disposição de nesse dia das mães, buscar ser feliz. Feliz Dia das Mães!

Deixa a Vida Me Levar - Zeca Pagodinho Ao Vivo - DVD MTV - 2010

Um mês sem ela ...

Se você ainda estivesse aqui, nos sentaríamos naquele sofá surrado, companheiro de tantos anos, e eu contaria baixinho quase em tom de segredo, como a gente sempre fez, a vida toda, que nos últimos tempos, algumas dores não puderam ser evitadas, que a vida me deu um ultimato pra crescer e entender aquilo que ela sempre tentou me fazer entender com todo o seu carinho, mas que eu teimava em não aceitar: o caminhar da gente, por mais companhias que se tenha, é sempre solitário, e a gente precisa aprender a ser sozinho e a gostar da nossa própria companhia. Se você ainda estivesse aqui, receberia seus beijinhos com mais gosto, pois só agora tenho a real dimensão de quão gostosos eles eram. Me permitiria ser beijada mais e mais e ao final ainda pediria mais uns beijinhos só por garantia. Se você ainda estivesse aqui, falaria mais sobre meu amor por você e minha gratidão pela sua presença. Se você ainda estivesse aqui, te diria, que um mês se passou, mas nenhum dia deixei de lembrar de você. Diria que estou me esforçando pra ser forte e seguir em frente, aceitando sua ausência, mas haveria de confessar que ainda me pego buscando o seu cheirinho e sua presença naquele vestido cor de rosa de bolinhas que caia-lhe tão bem, temendo pelo dia que em que o seu cheiro se for. Se você estivesse aqui diria a melhor de todas as notícias: Benito nasceu, com o nascer de um domingo de fevereiro, as 4:25 da manhã, mês que também marca o seu nascimento para uma vida digna de ser lembrada, mês que marca a sua partida para um descanso merecido, mês que marca, ainda o nascimento de um outro amor, Vitória, que nem parece mais aquele bebezinho que a senhora tantas vezes ninou e que também sente muito a sua falta. Benito nasceu, vó, um dia depois de um sonho que tive em que a senhora, antes de desaparecer entre flores e fontes, me dizia que agora eu precisava cuidar da vida. Se você estivesse aqui, eu te diria: estou tentando cuidar da vida vó, mas ontem, deixei-a de molho e chorei, chorei muito a sua falta, olhei pra cada espaço da casa e lembrei de você, até que, por acaso, encontrei um vídeo que gravei há uns dois anos atrás, com a senhora contando um pouquinho de sua história, chorei mais um pouco, e entre lágrimas e apesar delas, assisti o vídeo na companhia do Zé (Ranier) e conseguir sentir um alívio no meu coração, vendo a senhora ali, tão viva, tão forte, dizendo que tinha sofrido muito, mas que agora era muito feliz.

Enquanto o tempo não cura ...

Se a cura de determinadas dores podem vir pela fala, então, voltemos a "escrivinhar" por aqui. Podia escrever a angústia e o desespero sentido ao pensar que um coração, tão grande, tão forte, tão cheio de amor, havia parado as 5:15 daquela segunda-feira.
No dia 11 de fevereiro de 2013, ela se foi. Se foi, serena e certa de que tinha cumprido sua missão, cumprido lindamente sua missão. Coube a mim, receber a herança: a ausência de seus cafunés, seu olhar doce, seu sorriso largo, seu amor incondicional. Recebi em meio à lágrimas,uma saudade grande, doída e a missão, ainda difícil, de continuar.
Enquanto o tempo não cura, eu espero e espero que a vida volte a mostrar seu colorido, com a chegada dessa nova vida que pulsa aqui dentro, que antes mesmo de Inspirar o fôlego de vida, inspira força e fé na vida, com um coraçãozinho que bate a 158bpm, em meio a tanto luto e tanta dor e mesmo dando sinais de quer quer vir mais cedo pra me mostrar que a dor vai passar, já sabe que pra viver é preciso ter paciência e continua esperando aqui nesta barriga, que as vezes se mostra um lugar inseguro.
Enquanto o tempo não cura, eu espero e espero que a vida volte a mostrar seu colorido, em meio aos acordes de amor do meu outro amor, tão presente neste momento de tanta dor, meu menino talentoso. Que tenhamos força, firmeza, luz no nosso coração, pra que o amor só cresça, mesmo diante das dificuldades do dia a dia.
Enquanto o tempo não cura, eu espero e espero que a vida volte a mostrar seu colorido no sorriso no meu amor em forma de flor, menina linda, que agora se enfeita, passa lápis, batom, sombra, rímel, prestes a inteirar 10 anos, mas que ainda é vista por mim como uma cristalzinho de fraldas.
Nos últimos tempos, outras mortes, outros lutos passaram pelo meu caminho. Doloridos mas libertadores. E assim sigo o meu caminho e hoje, mesmo sem muitas forças, vou levantar aos mão para o ar, no meio da cozinha e sentir o som, que aqui compartilho, em homenagem a ela, esse ser de luz que passou pela minha vida e que continuará até o meu último suspiro dentro do meu coração. À Dona Francisca Batista de Sousa, meu grande amor, uma canção.

E era embalada com essa pérolas da música ...

... que a senhora mais importante da minha vida, me colocava pra dormir.

Tentando desatar os nós

"Vim gastando meus sapatos Me livrando de alguns pesos Perdoando meus enganos Desfazendo minhas malas Talvez assim chegar mais perto Vim achei que eu me acompanhava E ficava confiante Outra hora era o nada A vida presa num barbante Eu quem dava o nó"

Sanfona Sentida - Dominguinhos, Mariana Aydar e Duani

...

Já não precisamos mais.