sexta-feira, 22 de maio de 2009

Potocas

1.Finalmente assisti o filme Divã.
Algumas identificações, óbvio. Tinha que registrar. Entre risos e choro, saí inteira e coloquei o pé a caminho de casa (560 km).

2.Começo a suspeitar: a metamorfose já começou e avança rapidamente. Cheguei em Fortaleza as 6 da manhã. Olhei para aquela imensidão e me vi perdida. Definitivamente não tem mais cara de lar. Senti saudade da minha casa e de conversar com o lixeiro que sempre passa nas terças e quintas e sextas e de dar bom dia para o vizinho do lado, ou ouvir música boa nas caixas de som da rádio centro. Senti saudade dos meus alunos, do pessoal do francês, da yôga, da conversa com outras mães enquanto minha filha faz sua aula de natação. Não sei não, sinto que minha casa, cada dia mais cria raízes em terras caririenses.

3.Cortei o cabelo bem curto, tipo Joãozinho. Minha mãe disse que eu estou horrível. Fiquei um pouco apreensiva por alguns minutos, por que mãe quando acha filho feio é que a situação está periclitante. A Vitória minha filha ficou calada. O professor de violão me achou parecida com a Cássia Eller (Cássia Eller???!!) Aí resolvi me olhar no espelho e me vi .... linda!!! Ufa!!!A preocupação foi embora (rsrsrs). Se Sansão perdeu as forças, eu me sinto revigorada.

4. A gente nunca imagina como vai agir diante de momentos tão esperados. A gente ensaia, se prepara e no final, frio na barriga, dor, uma tristeza de leve, nada como foi pensado. Depois a gente teima em ficar remoendo questões, querendo dar explicações sobre outras (que nada adiantariam por que isso não tem mais nenhum significado para o lado de lá). O bom é quando a pulsão da vida fala mais alto e a gente, finalmente, consegue mandar a mente passear em outros ares. Um passinho de cada vez.

5.Contando para o professor de violão entre um acorde e outro (sim, eu estou voltei a estudar violão popular na escola da minha pequena, enquanto ela faz violino) o tanto de atividades que estou fazendo, ele sorriu e disparou: "O que é isso?? Crise de meia idade?!!". Respondi: "Não professor!! Vontade de viver, esse é o nome! Vontade de reaprender a viver".

6. Por falar em Violino, minha filha é uma fofa mesmo. Agora ainda mais, com aquele violino debaixo do queixo. Tô toda prosa!!!

domingo, 17 de maio de 2009

Sobre Mães e Filhas

Mãe é, assim diz Martha Medeiros, a única categoria em que não há segundo lugar, são bilhões de "as melhores" mães do mundo espalhadas por aí. Mas ser a melhor pra alguém está longe de ser tarefa fácil: passar algumas noites em claro, mergulhar em dúvidas, medos e inseguranças, vez por outra; chorar feito criança quando o filho anda pela primeira vez, diz as primeiras palavras ou aprende a ler; aumentar as rugas com preocupações quando o filho adoece ou quando não chega em casa na hora; fingir que não tem medo do escuro, que não tem medo de injeção, que o gosto do remédio não é tão ruim assim só pra dar uma força ao filho a superar seus próprios medos; negar as dores que se sente, só pra não ver o filho preocupado; pedir a Deus todos os dias, um pouco mais de vida, pra que se tenha a oportunidade de ver os filhos bem, como faz a minha avó.

Ontem, em sala de aula, fiz uma dinâmica de apresentação que envolvia as pessoas se definirem contando um fato importante da vida. Numa sala praticamente feminina(vinte e uma mulheres mulheres e dois homens), as que não eram mães falavam da formatura, mas não deixaram de mencionar a alegria que sentiram em ver o orgulho de suas mães durante a cerimônia de formatura. As que eram mães, relatavam o nascimento dos filhos, muitas não continham sua emoção e faziam declarações de amor aos filhos com lágrimas nos olhos. Sai da aula e no caminho de casa me lembrei do momento em que fiquei sabendo que estava grávida(nada mais normal de acontecer no mês das melhores do mundo). Me transportei para um dos dias mais importantes da minha vida.

Naquele dia, saí da faculdade com uma dúvida martelo. Fiz um daqueles testes comprados em farmácia. Fiquei olhando para aqueles dois tracinhos cor de rosa alguns minutos sem acreditar que tinha chegado a minha vez. Tive vontade de ligar para todo mundo e contar que eu ia ser mãe. Esperei ansiosa a chegada do pai da Vitória. Lembrando deste momento, inevitável deixar de lembrar do rosto dele. Naquele momento, os olhinhos puxados ficaram tão arregalados. O medo dele era evidente. Eu também estava com medo, mas quando a gente descobre que vai ser mãe, parece que a descoberta nos enche de uma força divina e tão, tão necessária para todo o resto da caminhada que, naquele momento, só começou. Nunca me senti tão linda, tão plena, tão feliz, tão forte quanto naqueles nove meses.

Num dia de chuva (como todos os dias mais felizes de minha vida), Vitória veio ao mundo, pra me fazer mais feliz e me ensinar um tanto de coisas, entre elas, aprender a ser filha. Hoje entendo e respeito muito mais as minhas duas mães (minha avó, meu capuchinho de algodão e minha mãe) e penso que elas entre erros e acertos acabaram por fazer um belo trabalho (rsrsrs): transformaram três meninas magricelas em mulheres do bem. A elas o meu respeito (o que não quer dizer, mãe, que eu não queira descobrir a minha própria receita, viu?)

Seis anos e alguns meses: muitos erros, alguns acertos. Vitória cresce, linda, sensível (olhos de mãe!). O medo ainda ronda. Penso: Será que ela é feliz? Será que pra ela eu sou a melhor?Será que tenho feito o que é certo?Mas a força de uma mãe nunca seca. Então penso mais uma vez: Estou fazendo o melhor que posso, por que estar com ela é a melhor coisa que podia me acontecer. É sentir a continuidade dessa beleza que é a vida. As vezes com beijinhos e carinhos, sorrisos, conversas, cantorias debaixo do chuveiro, pulos sobre a cama novinha, histórias antes de dormir, abraços apertados, manhas, mimos, risos por qualquer bobagem, dizer te amo muitas vezes seguidas, filmes assistidos por tantas vezes que até já se perdeu a conta de quantas vezes os assistiu comendo pipoca, fazendo cara de novidade e suspirando ao mesmo tempo quando o mocinho finalmente beija a mocinha ou, ainda, choros partilhados em momentos de dor ou de saudade. Outras vezes com sermões, olhares sérios, castigos. É assim que o meu amor imperfeito, sincero, incondicional, eterno, amor de mãe, se manifesta.

Me sinto privilegiada.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Abrindo os olhos

"Por que também somos o que perdemos."