Numa tarde de sábado, bem próximo aqui de casa, um homem tentou assaltar o posto onde sempre abasteço o carro. Naquela tarde, passando em frente ao posto, pensei em parar. Até percebi o movimento estranho, pensei no que poderia estar acontecendo, mas acabei seguindo meu caminho sem abastecer. A noite, chegando em casa, a vizinha me perguntou se eu tomara conhecimento do assalto que tinha acontecido no posto. Disse que não e perguntei se alguém havia se ferido.
Naquela tarde morreu um homem, o moço do lava jato. Não pela mão do bandido que fugiu sem conseguir levar nada do posto, mas pela mão do colega de trabalho. Os dois decidiram sair numa moto atrás do bandido. Dirigindo a moto, o moço do lava jato. Na garupa o frentista com a arma. Na perseguição, a moto caiu num buraco e a arma disparou acidentalmente, atingindo o moço do lava jato na nuca, tirando-lhe a vida. Naquela noite a dor tomou conta de duas famílias. Naquela noite duas pessoas deixaram de ir pra suas casas: um estava morto, o outro preso. Nos dias seguintes, a vida seguiu. Passei alguns dias pensando sobre isso tudo. Sobre a fragilidade da vida. Vidas que se vão assim, de maneira tão tola. Sobre a violência que ronda. Sobre a importância que damos as coisas. Sobre as consequências das decisões que tomamos num instante e que amargamos por toda a vida. Sobre a vida que segue. Pensei, sobretudo, sobre o quanto é bom poder chegar em casa e se aconchegar com os seus amores ou amigos.
Desenredo
Boca Livre
Composição: Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro
Por toda terra que passo
Me espanta tudo o que vejo
A morte tece seu fio
De vida feita ao avesso
O olhar que prende anda solto
O olhar que solta anda preso
Mas quando eu chego
Eu me enredo
Nas tranças do teu desejo
(...)
O mundo todo marcado
A ferro, fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo
A morte é o fim do novelo
O olhar que assusta
Anda morto
O olhar que avisa
Anda aceso
Mas quando eu chego
Eu me perco
Nas tramas do teu segredo
(...)
A cera da vela queimando
O homem fazendo o seu preço
A morte que a vida anda armando
A vida que a morte anda tendo
O olhar mais fraco anda afoito
O olhar mais forte, indefeso
Mas quando eu chego
Eu me enrosco
Nas cordas do teu cabelo
(...)
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Há 2 dias
3 comentários:
Eu fiquei sabendo desse triste fato que ocorreu aqui no Juazeiro há algumas semanas. Vi inclusive uma passeata de uns mototaxistas em protesto pelo acontecido.
Realmente muito triste isso.
A cidade está ficando cada vez mais violenta e nesse mês que passou foram muitos os casos, inclusive com conhecidos meus.
Mas,é assim mesmo, a vida é um sopro. Por isso devemos aproveitá-la o máximo possivel, intensamente!
Beijo!
Sobre post anterior, da Vitória:
Há um filme de 2003 chamado "Simplesmente Amor" que é muito, muito fofo. Nele, há a história de um pai que lida com o primeiro amor do filho. Detalhe, o filho ainda criança. É muito bonita a abordagem e a forma séria com que o pai trata do assunto.
PS2: eu tive um amigo que dizia ter se apaixonado quando ainda era gurizinho. Ele juntou as economias e levou a menina (com a tia!) para o circo, mas a garota não lhe deu atenção. O pai dele, quando soube do incidente, comentou: "Filho, ela não estava preparada para o que você tinha a oferecer a ela."
Não é a coisa mais linda de se dizer a um pequeno?
Beijos e saudades, flor
Waaal! Eu gosto do que vc escreve.
Esse penultimo texto achei fofo. A história nao pode ter sido feliz, mas o que mais marcou foi a imagem que deixa da sua amizade com sua filha. Isso é lindo. E o fato de estar perto, de ouvir, de olhar, sem dúvida, já é a maior das ajudas. Não acha? Liiindooo demais!!
Beijooos
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